sexta-feira, 30 de agosto de 2013
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
189 - A ARCA DE NOÉ - (FILME BÍBLICO COMPLETO DUBLADO)
189
A ARCA DE NOÉ (Filme Bíblico Completo Dublado)
A ARCA DE NOÉ (Filme Bíblico Completo Dublado)
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
188 - DAS DESIGUALDADES DA MORTE
188
Morreu António Borges.
Um artigo que dói e revela a lama e a escória que nos (des) governa
Das desigualdades da morte.
por Lúcia GomesMorreu António Borges.
Certamente morreram muitos mais. Aqueles cujo nome não é passível de aparecer nos jornais. Nem nas televisões.
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Mas o importante não é ele ter morrido, como morreu, como viveu (sobre isso os meus companheiros de blogue dirão bem melhor do que eu). O que eu quero sublinhar é a desigualdade da morte, de como se morre.
Mas o importante não é ele ter morrido, como morreu, como viveu (sobre isso os meus companheiros de blogue dirão bem melhor do que eu). O que eu quero sublinhar é a desigualdade da morte, de como se morre.
Não se pode dizer, para não ferir susceptibilidades, que me choca a forma como se morre em Portugal.
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Como um rico, com cancro, morre melhor do que um pobre. Aparentemente isto é raiva, ódio aos ricos. É falar sem racionalidade. Pois racionalidade é algo que nunca vi no tratamento de doentes crónicos, nomeadamente oncológicos, no nosso país.
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Como um rico, com cancro, morre melhor do que um pobre. Aparentemente isto é raiva, ódio aos ricos. É falar sem racionalidade. Pois racionalidade é algo que nunca vi no tratamento de doentes crónicos, nomeadamente oncológicos, no nosso país.
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E descrevo uma história que não é a minha. Tem todos os nomes, ou quase todos. Em 22 de Março foi diagnosticado um cancro de pulmão, carcinoma de pequenas células, estágio IV ao meu pai. Era dia de greve geral. Terceiro aniversário da minha irmã. Abandonei os piquetes às cinco da manhã e parti para cima.
E descrevo uma história que não é a minha. Tem todos os nomes, ou quase todos. Em 22 de Março foi diagnosticado um cancro de pulmão, carcinoma de pequenas células, estágio IV ao meu pai. Era dia de greve geral. Terceiro aniversário da minha irmã. Abandonei os piquetes às cinco da manhã e parti para cima.
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O diagnóstico demorou meses. Desde infecções respiratórias, ataques de ansiedade (?), gripes. Meses até dizerem: cancro. O meu pai era já um doente de risco, sempre seguido no hospital dados os problemas cardíacos que tinha. Nunca ninguém detectou o cancro que lhe corroía as entranhas.
O diagnóstico demorou meses. Desde infecções respiratórias, ataques de ansiedade (?), gripes. Meses até dizerem: cancro. O meu pai era já um doente de risco, sempre seguido no hospital dados os problemas cardíacos que tinha. Nunca ninguém detectou o cancro que lhe corroía as entranhas.
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Nesse momento soube que o meu pai ia morrer em breve, embora nunca o tivesse verbalizado. Começou, pois, a saga dos tratamentos. Protocolos com quimioterapia e radioterapia. Medicamentos, atrás de medicamentos.
Nesse momento soube que o meu pai ia morrer em breve, embora nunca o tivesse verbalizado. Começou, pois, a saga dos tratamentos. Protocolos com quimioterapia e radioterapia. Medicamentos, atrás de medicamentos.
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O meu pai acabava de concretizar o sonho de uma vida, licenciou-se em Direito. Velho demais para trabalhar, novo demais para a reforma, dizia-me, com os olhos pregados no chão «quem quer alguém com cancro?». Nunca lhe tinha ouvido nada derrotista. Desde o primeiro minuto, desde sempre, nunca desistia ou se sentia derrotado. Desta vez era diferente. Pronto para enfrentar o mundo e a doença, sabia bem das limitações.
O meu pai acabava de concretizar o sonho de uma vida, licenciou-se em Direito. Velho demais para trabalhar, novo demais para a reforma, dizia-me, com os olhos pregados no chão «quem quer alguém com cancro?». Nunca lhe tinha ouvido nada derrotista. Desde o primeiro minuto, desde sempre, nunca desistia ou se sentia derrotado. Desta vez era diferente. Pronto para enfrentar o mundo e a doença, sabia bem das limitações.
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Fomos então pedir a invalidez. A Segurança Social recusou. Sem subsídio de desemprego, sem pensão, a companheira desempregada de longa duração. Uma filha de três anos.
Fomos então pedir a invalidez. A Segurança Social recusou. Sem subsídio de desemprego, sem pensão, a companheira desempregada de longa duração. Uma filha de três anos.
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Os medicamentos eram pagos entre mim e a minha irmã. A família ajudava no que podia. O meu pai não tinha carro. A minha lata velha servia-lhe, enquanto pôde conduzir, para ir aos tratamentos (não há transportes públicos nem hospitalares). Acabada a quimioterapia, seguia-se a radioterapia paliativa. O hospital recusou. Era paliativa.
Os medicamentos eram pagos entre mim e a minha irmã. A família ajudava no que podia. O meu pai não tinha carro. A minha lata velha servia-lhe, enquanto pôde conduzir, para ir aos tratamentos (não há transportes públicos nem hospitalares). Acabada a quimioterapia, seguia-se a radioterapia paliativa. O hospital recusou. Era paliativa.
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Levantámos uma tempestade, todos os órgãos de comunicação social se interessaram. O hospital voltou atrás. Foi ao IPO – Porto onde tinha que ficar todo o dia porque só havia um transporte para os doentes. Caso quisesse vir mais cedo, porque não aguentava estar lá, teria que pagar. Ficava lá.
Levantámos uma tempestade, todos os órgãos de comunicação social se interessaram. O hospital voltou atrás. Foi ao IPO – Porto onde tinha que ficar todo o dia porque só havia um transporte para os doentes. Caso quisesse vir mais cedo, porque não aguentava estar lá, teria que pagar. Ficava lá.
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Houve meses em que não tomou toda a medicação. Não tinha dinheiro e era demasiado orgulhoso. Não pedia. Era preciso descobrir e estar atento ao que faltava. Liguei para a Fundação Champalimaud mal soube da máquina que apenas com uma sessão de radioterapia diminuía o tumor de forma significativa. Responderam-me que precisava de uma consulta de avaliação e a sessão de radio seria 5 000 euros. Perguntei se no público haveria máquina idêntica. Disseram-me que não. Agradeci e desliguei.
Houve meses em que não tomou toda a medicação. Não tinha dinheiro e era demasiado orgulhoso. Não pedia. Era preciso descobrir e estar atento ao que faltava. Liguei para a Fundação Champalimaud mal soube da máquina que apenas com uma sessão de radioterapia diminuía o tumor de forma significativa. Responderam-me que precisava de uma consulta de avaliação e a sessão de radio seria 5 000 euros. Perguntei se no público haveria máquina idêntica. Disseram-me que não. Agradeci e desliguei.
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Descobri que havia uma máquina parecida no Hospital do Barreiro. E que o médico, por querer que todos pudessem aceder aos tratamentos teria sido afastado. Ouvi o meu pai uma vez «para sofrer tanto para poder ter tratamentos mais vale morrer de uma vez. Isto não é vida». Lentamente ia perdendo o seu corpo, a sua mente.
Descobri que havia uma máquina parecida no Hospital do Barreiro. E que o médico, por querer que todos pudessem aceder aos tratamentos teria sido afastado. Ouvi o meu pai uma vez «para sofrer tanto para poder ter tratamentos mais vale morrer de uma vez. Isto não é vida». Lentamente ia perdendo o seu corpo, a sua mente.
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Acompanhava-o nos longos dias de exames, feitos no hospital privado da Boavista porque nenhum hospital público dispunha das máquinas necessárias. Almoçávamos uma francesinha a meio dos tratamentos e víamos coisas para o único neto do meu pai. E voltávamos ao hospital.
Acompanhava-o nos longos dias de exames, feitos no hospital privado da Boavista porque nenhum hospital público dispunha das máquinas necessárias. Almoçávamos uma francesinha a meio dos tratamentos e víamos coisas para o único neto do meu pai. E voltávamos ao hospital.
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Nunca lhe propuseram estar internado. Não lhe deram soro nem morfina, fomos nós que exigimos. Já não aguentava mais ver o sofrimento contínuo do meu pai. A cadeira articulada, foi emprestada, arranjou-a a minha tia, e uma grade para a cama. O meu cunhado passou a levar e a trazer o meu pai, ele já não conseguia conduzir. A companheira dividia a medicação e aplicava.
Nunca lhe propuseram estar internado. Não lhe deram soro nem morfina, fomos nós que exigimos. Já não aguentava mais ver o sofrimento contínuo do meu pai. A cadeira articulada, foi emprestada, arranjou-a a minha tia, e uma grade para a cama. O meu cunhado passou a levar e a trazer o meu pai, ele já não conseguia conduzir. A companheira dividia a medicação e aplicava.
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Aprendi a dar injecções porque a Joana, que é minha amiga e é enfermeira me ensinou, ensinou-me a dar-lhe banho, a virá-lo na cama para que não ganhasse feridas, a limpar-lhe a boca e a alimentá-lo. Tirei licença para estar com o meu pai. A minha irmã não pôde, era um falso recibo verde.
Aprendi a dar injecções porque a Joana, que é minha amiga e é enfermeira me ensinou, ensinou-me a dar-lhe banho, a virá-lo na cama para que não ganhasse feridas, a limpar-lhe a boca e a alimentá-lo. Tirei licença para estar com o meu pai. A minha irmã não pôde, era um falso recibo verde.
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Pedi um empréstimo para poder pagar tudo isto. Tive que mudar de banco e vou pagar o empréstimo nos próximos dez anos. Estive sempre ao lado do meu pai. Colocámos o soro, dei-lhe de comer. Começou a tossir, sem parar. A família reuniu-se em volta dele. O gato, saiu dos pés do meu pai e começou a aproximar-se lentamente do seu peito. E eu pensei, é agora.
Pedi um empréstimo para poder pagar tudo isto. Tive que mudar de banco e vou pagar o empréstimo nos próximos dez anos. Estive sempre ao lado do meu pai. Colocámos o soro, dei-lhe de comer. Começou a tossir, sem parar. A família reuniu-se em volta dele. O gato, saiu dos pés do meu pai e começou a aproximar-se lentamente do seu peito. E eu pensei, é agora.
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Corri para o lado dele, dei-lhe a mão e vi uma lágrima a correr-lhe na face esquerda. O meu pai morreu. Não houve jornais, não houve televisão. De vez em quando há uma notícia que diz que os tratamentos estão a ser negados aos doentes oncológicos, que o IPO não tem dinheiro.
Corri para o lado dele, dei-lhe a mão e vi uma lágrima a correr-lhe na face esquerda. O meu pai morreu. Não houve jornais, não houve televisão. De vez em quando há uma notícia que diz que os tratamentos estão a ser negados aos doentes oncológicos, que o IPO não tem dinheiro.
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O meu pai tinha 54 anos. A vida inteira pela frente. Nunca defendeu salários baixos nem privatizações. Trabalhou desde os 14. Tirou um curso aos 53 porque era o seu sonho. A estes não há homenagens. Aos que lutam pela sobrevivência durante todos os dias com dores excruciantes e a violência do Estado. Não, para estes não há memória, não há camas de hospital, medicamentos.
O meu pai tinha 54 anos. A vida inteira pela frente. Nunca defendeu salários baixos nem privatizações. Trabalhou desde os 14. Tirou um curso aos 53 porque era o seu sonho. A estes não há homenagens. Aos que lutam pela sobrevivência durante todos os dias com dores excruciantes e a violência do Estado. Não, para estes não há memória, não há camas de hospital, medicamentos.
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António Borges tinha cancro no pâncreas. Daqueles fulminantes que supostamente matam de imediato. Durou bem mais do que o meu pai. «Trabalhou sempre», dizem. Certamente não terá passado por nada disto. Certamente, até na morte, ou perto dela, teve conforto e o melhor tratamento para não sentir dor e adiar a inevitabilidade da morte.
António Borges tinha cancro no pâncreas. Daqueles fulminantes que supostamente matam de imediato. Durou bem mais do que o meu pai. «Trabalhou sempre», dizem. Certamente não terá passado por nada disto. Certamente, até na morte, ou perto dela, teve conforto e o melhor tratamento para não sentir dor e adiar a inevitabilidade da morte.
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Não lhe sinto raiva pela forma como morreu, mas desprezo o que defendeu em vida. Porque foram homens como ele e são homens como ele que ditam que homens, mulheres e crianças passem o que o meu pai passou para morrer. E ninguém merece estas mortes lentas.
Não lhe sinto raiva pela forma como morreu, mas desprezo o que defendeu em vida. Porque foram homens como ele e são homens como ele que ditam que homens, mulheres e crianças passem o que o meu pai passou para morrer. E ninguém merece estas mortes lentas.
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Que lhe pese a terra? Não, não acredito em nada depois da morte. Preferia que lhe pesassem as suas ideias durante a vida. Principalmente nos dias e meses antes da morte.
Que lhe pese a terra? Não, não acredito em nada depois da morte. Preferia que lhe pesassem as suas ideias durante a vida. Principalmente nos dias e meses antes da morte.
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
sábado, 24 de agosto de 2013
terça-feira, 20 de agosto de 2013
185 - MAIS QUE É BURRO
185
Mais um dotô da mula ruça...
Jose Martins em DA TAILÂNDIA COM AMOR E HUMOR - Há 6 horas
*E eu que pensava que só no Brasiu é que eu era dotô cada vez que ia ao restaurante ou bebia um chopinho gelado numa esplanada ou num boteco ...* *Afinal no meu querido país, chegaram agora à conclusão, que basta ter como habilitações académicas o 3º. ciclo dos liceus ( 7º. ano) * *Alguém que feche a porta, e apague a luz...* *Fernando Tavares*
sábado, 17 de agosto de 2013
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
sábado, 10 de agosto de 2013
179 - 17 GRANDES SUCESSOS DA MÚSICA PORTUGUESA
179
17 GRANDES SUCESSOS DA MÚSICA PORTUGUESA
MARIA DOMINGAS E OUTRAS
17 GRANDES SUCESSOS DA MÚSICA PORTUGUESA
MARIA DOMINGAS E OUTRAS
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
178 - FADO ABANDODO - AMÁLIA RODRIGUES
178
AMÁLIA RODRIGUES
FADO PENICHE - FADO ABANDONO
DEDICADO AOS PRESOS DE PENICHE
ESTEVE PRESTES A SER RETIRADO PELA PIDE
AMÁLIA RODRIGUES
FADO PENICHE - FADO ABANDONO
DEDICADO AOS PRESOS DE PENICHE
ESTEVE PRESTES A SER RETIRADO PELA PIDE
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
176 - (18) SUCESSOS DA MÚSICA PORTUGUESA - MARIEMA E OUTROS
176
18 GRANDES SUCESSOS DA MÚSICA PORTUGUESA
MARIEMA E OUTROS
18 GRANDES SUCESSOS DA MÚSICA PORTUGUESA
MARIEMA E OUTROS
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
174 - (28) GRANDES SUCESSOS DA MÚSICA PORTUGUESA - TONICHA
174
28 GRANDES SUCESSOS DA MÚSICA PORTUGUESA - TONICHA
28 GRANDES SUCESSOS DA MÚSICA PORTUGUESA - TONICHA
domingo, 4 de agosto de 2013
172 - JEREMIAS - BÍBLIA SAGRADA EM AUDIO
172
JEREMIAS 1 - BÍBLIA SAGRADA EM AUDIO - NARRAÇÃO CID
MOREIRA
JEREMIAS 1 - BÍBLIA SAGRADA EM AUDIO - NARRAÇÃO CID
MOREIRA
171 - OS BURROS DA POLÍTICA
171
Saturday, 3 August 2013
"....fáceis ganhos por algum dos nossos políticos, mais fácil do que o ganho pelas putas".
Domingo, Agosto 04, 2013
Ali Baba e os 40 Ladrões
No país em que todo um povo sofre uma dose suplementar de austeridade brutal desnecessária e perversa porque um primeiro-ministro imberbe e irresponsável decidiu castigar os portugueses da Metrópole porque terão gasto em demasia é imoral que o ministro dos Negócios Estrangeiros tenha beneficiado de um negócio à margem das regras do mercado e tenha ganho centenas de milhares de euros que estão sendo pagos pelos mais pobres.
A verdade é que os dinheiros fáceis ganhos por algum dos nossos políticos, mais fácil do que o ganho pelas putas, vai ser pago com o despedimento de funcionários públicos. São quinhentos mil euros e é fazer uma contas para se perceber que dezenas de famílias vão perder a forma de vida para que os Machetes possam ser ricos ou ainda mais ricos. É imoral que alguém que já se devia ter retirado da política considere podridão de terceiros a discussão das suas formas de ganhar dinheiro fácil.
O governo que começou por inventar esqueletos no armário e que perante as dúvidas não hesitou no recurso à mentira manhosa e maldosa deveria ter o cuidado de arregimentar gente lavadinha, sem cheirar a lixo tóxico. É uma prova de falta de respeito pelo país e de burrice a contratação de um secretário de Estado que se dispôs a ajudar um governo a viciar as contas públicas, para enganar o país e a União Europeia.
Este senhor não passa de um pequeno bandido que já deveria estar a contas com a justiça pela tentativa de burla que protagonizou. Mas em Portugal estes rapazolas que ganham fortunas na banca são pequenos deus para jotas imbecis doutorados na universidade de Castelo de Vide, para não referir a mais etílica universidade de Verão de Porto Santo.
Mas parece que o país assiste a uma reedição do Ali Baba e os Quarenta Ladrões, só ainda não se percebeu bem se o governo já conseguiu reunir os quarenta ladrões ou se já ultrapassou este número.
Fonte: Blog "O Jumento"
sábado, 3 de agosto de 2013
170 - UM SENTIDO PARA A VIDA - RAUL BRANDÃO
170
Um Sentido Para a VidaValeu-me a pena viver? Fui feliz, fui feliz no meu canto, longe da papelada ignóbil. Muitas vezes desejei, confesso-o, a agitação dos traficantes e os seus automóveis, dos políticos e a sua balbúrdia - mas logo me refugiava no meu buraco a sonhar. Agora vou morrer - e eles vão morrer.
A diferença é que eles levam um caixão mais rico, mas eu talvez me aproxime mais de Deus. O que invejei - o que invejo profundamente são os que podem ainda trabalhar por muitos anos; são os que começam agora uma longa obra e têm diante de si muito tempo para a concluir. Invejo os que se deitam cismando nos seus livros e se levantam pensando com obstinação nos seus livros. Não é o gozo que eu invejo (não dou um passo para o gozo) - é o pedreiro que passa por aqui logo de manhã com o pico às costas, assobiando baixinho, e já absorto no trabalho da pedra.
Se vale a pena viver a vida esplêndida - esta fantasmagoria de cores, de grotesco, esta mescla de estrelas e de sonho? ... Só a luz! só a luz vale a vida! A luz interior ou a luz exterior. Doente ou com saúde, triste ou alegre, procuro a luz com avidez. A luz é para mim a felicidade. Vivo de luz. Impregno-me, olho-a com êxtase. Valho o que ela vale. Sinto-me caído quando o dia amanhece baço e turvo. Sonho com ela e de manhã é a luz o meu primeiro pensamento. Qualquer fio me prende, qualquer reflexo me encanta. E agora mais doente, mais perto do túmulo, busco-a com ânsia.
Raul Brandão, in " Se Tivesse de Recomeçar a Vida
Um Sentido Para a VidaValeu-me a pena viver? Fui feliz, fui feliz no meu canto, longe da papelada ignóbil. Muitas vezes desejei, confesso-o, a agitação dos traficantes e os seus automóveis, dos políticos e a sua balbúrdia - mas logo me refugiava no meu buraco a sonhar. Agora vou morrer - e eles vão morrer.
A diferença é que eles levam um caixão mais rico, mas eu talvez me aproxime mais de Deus. O que invejei - o que invejo profundamente são os que podem ainda trabalhar por muitos anos; são os que começam agora uma longa obra e têm diante de si muito tempo para a concluir. Invejo os que se deitam cismando nos seus livros e se levantam pensando com obstinação nos seus livros. Não é o gozo que eu invejo (não dou um passo para o gozo) - é o pedreiro que passa por aqui logo de manhã com o pico às costas, assobiando baixinho, e já absorto no trabalho da pedra.
Raul Brandão, in " Se Tivesse de Recomeçar a Vida
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
169 - (3) GRANDES SUCESSOS DA MÚSICA PORTUGUESA
169
3
3GRANDES SUCESSOS DA MÚSICA PORTUGUESA
DE A a Z
AMÁLIA RODRIGUES
3
3GRANDES SUCESSOS DA MÚSICA PORTUGUESA
DE A a Z
AMÁLIA RODRIGUES
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