sexta-feira, 3 de abril de 2015

693 - «INCORRUPTA E LIVRE» - MARIA AMÉLIA NETO

693

INCORRUPTA E LIVRE

Nem o declínio prematuro
Dos lírios do vale,
Nem a queixa pressentida
Das flautas ocultas,
Nem a marcha na estrada,
Onde poisou, hirto,
O pequeno corpo,
Nada  do que a fez germinar
Lhe prendeu os veios invisíveis.

Incorrupta e livre,
A amargura deixou
Os seus sinais translúcidos no portal,
E roçou, fluida,
Por todas as fronteiras estelares,
Tornando desumana a noite do poeta.

MARIA AMÉLIA NETO

Sem comentários:

Enviar um comentário