segunda-feira, 8 de junho de 2015

730 - «AQUELE QUE PROCUROU...» - ANA HATHERLY

730

«AQUELE QUE PROCUROU...»

Aquele que procurou
E não encontrou,
É o homem desiludido.
Aquele que não procura
E tudo encontra
E nada pode fazer do que achou,
É mais que infeliz:
Sabe a verdade.

ANA HATHERLY

729 - «MAS QUE BRANCURA» - ANA HATHERLY

729

« MAS QUE BRANCURA...»

Mas que brancura impressionante
De estátua idealizada...

Acaso o tempo nos branqueia
Os ossos e o sentir?

Sai daí,
Humanidade perturbante do meu sonho!
Querem ser alma e corpo
De matéria que nem sequer existe?

                     (Um Ritmo Perdido)
                            
ANA HATHERLY                     

sábado, 6 de junho de 2015

728 - ILHA DA MADEIRA - PORTUGAL

728

ILHA DA MADEIRA - PORTUGAL

727 - »DESCOBRIREMOS O NOSSO MOVIMENTO» - FERNANDO ECHEVARRIA

727

»DESCOBRIBEMOS O NOSSO MOVIMENTO»

Descobriremos o nosso movimento
quase uma folha,
ou quase uma pupila
que se inclinasse e só nos desse o tempo
de uma sombra passar a entrar no olvido.
Mas, sobretudo, veremos
pensar-se um ar antigo

que vem ao movimento
quando mover-se nem sequer escrito.

FERNANDO ECHEVARRIA

quarta-feira, 3 de junho de 2015

725 - «DESCALÇA DE VIVER» - FERNANDO ECHEVARRIA

725

DESCALÇA DE VIVER

Descalça de viver, andava sempre,
Enchia a rua quando não passava.
Mas se passava, desfazia o tempo
e apagava a rua, os homens e as lágrimas.

Nem ela própria já vivia dentro
de si. A roupa que levava
tinha uma cor de triste e pensamento
que não se sente e não se vê. E nada

dela se via que que não fosse um vento.
Nem um silvo ou perfume a denunciava.
Sabia-se, de certo, que vivia

porque o dia, a certas horas se quedava
pronto, parado, como não sendo dia.
Ela, descalça de viver, passava...

FERNANDO ECHEVARRIA


segunda-feira, 1 de junho de 2015

723 - «RIO INFLEXIVEL» - FERNANDO ECHEVARRIA

723

RIO INFLEXIVEL

Margens de aroma. Em bloco
de formosura casta
me cingem.Mas não toco
corpos, porque me arrasta

necessária, uma força
recta de precisão.
Não há aroma que torça
vontade de razão.

E as flores, mortais
tempos de carne nua,
se oferecem demais.
Além de qualquer lua.

Longos corpos de aroma.
Fixos em cada aqui.
Por tão compacta soma
levo o meu rio a Ti.

FERNANDO ECHEVARRIA