461
MONÓLOGO DE UMA ACTRIZ ENQUANTO
SE MAQUILHA
Vou fazer o papel de uma bêbada
Que vende os filhos
Em Paris, nos tempos da comuna
Tenha apenas cinco réplicas
E preciso de me deslocar, de subir a rua.
Caminharei e voltar-me-ei como gente livre
Gente que só o álcool
Quis libertar-me-ei
Como o bêbado que receia
Ser perseguido. Voltar-me-ei
Para o público.
Analisei as minhas cinco réplicas como os documentos
Que se lavam com ácido para descobrir sob os caracteres visiveis
Outros possíveis caracteres. Pronunciarei cada réplica
Como a melhor a melhor acusação
Contra mim e contra todos os que me olham.
Se eu nâo reflectisse maquilhar-me-ia simplesmente
Como uma velha beberrona
Doente e decadente. Mas vou entrar em cena
Como uma bela mulher que guarda a marca da destruiçâo
Na pálida pele outrora macia e agora cheia de rugas
Outrora atraente e agora repelida
Para que ao vê-la cada um se interrogue: quem
Fez isto?
BERTOLT BRECHT
MONÓLOGO DE UMA ACTRIZ ENQUANTO
SE MAQUILHA
Vou fazer o papel de uma bêbada
Que vende os filhos
Em Paris, nos tempos da comuna
Tenha apenas cinco réplicas
E preciso de me deslocar, de subir a rua.
Caminharei e voltar-me-ei como gente livre
Gente que só o álcool
Quis libertar-me-ei
Como o bêbado que receia
Ser perseguido. Voltar-me-ei
Para o público.
Analisei as minhas cinco réplicas como os documentos
Que se lavam com ácido para descobrir sob os caracteres visiveis
Outros possíveis caracteres. Pronunciarei cada réplica
Como a melhor a melhor acusação
Contra mim e contra todos os que me olham.
Se eu nâo reflectisse maquilhar-me-ia simplesmente
Como uma velha beberrona
Doente e decadente. Mas vou entrar em cena
Como uma bela mulher que guarda a marca da destruiçâo
Na pálida pele outrora macia e agora cheia de rugas
Outrora atraente e agora repelida
Para que ao vê-la cada um se interrogue: quem
Fez isto?
BERTOLT BRECHT
Sem comentários:
Enviar um comentário