sexta-feira, 7 de novembro de 2014

594 - «CORPO» - FERNANDO GUIMARÃES

594

    CORPO

As tuas mãos são ânforas vazias
que o mistério da noite não conteve.
São búzios...No seu murmúrio breve
perpassa a sombra que nos une aos dias.

Nós escutamos... Então quase sem seres
tu nos abrigas como um longo manto
que, levemente, cai em nós enquanto
te recordamos sem nos pertenceres.

E como a esperança que nos envolvera
assim ficaste, vaga, pelas claras
manhãs do sonho que te fez ausente.

Ali tu foste a paz que em nós descera,
e, depois, partes tão serenamente
como o silêncio pousa nas cearas..

FERNANDO GUIMARÃES.


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