quarta-feira, 20 de maio de 2015

721- «DANÇA E ENCANTAÇÃO» - (GABÃO) - HERBERTO HELDER

721-

-- Dança e encantação --

             (Gabão)


Solo:
Pelas cinzas da vítima votiva.
oferecida.
errantes espirítos da noite
que percorrem a floresta sombria
sem descanço...
Nunca mais!

Coro:
I-ô, iô, nunca mais.

Solo:
Espíritos dos mortos que não viram
 os sacrifícios funerários

Coro:
I-ô, i-ô, nunca mais


Solo:
Mortos que ainda não passaram
 passaram o rio das lágrimas.

Coro.
I-ô, iô, nunca mais


Solo:
O rio dos suspiros e das lágrima.

Coro:
O rio dos suspiros e da lágrimas.


Solo:
O rio do repouso grande.

Coro:
O rio do repouso grande.


Solo:
Espiritos da noite, sombrios
 espíritos guardadores.

Coro:
Guardadores

Solo:
Filho meu, guardado sejas,
guardado.
sempre, para sempre guardado.

Coro:
I-ô, iô, para sempre quadrado

terça-feira, 19 de maio de 2015

720 - «A ALBERTO TELES» - ANTERO DE QUENTAL

720

A ALBERTO TELES

Só! -- Ao ermita sozinho na montanha
Visita-o Deus e dá-lhe confiança:
No mar, o nauta, que o tufão balança,
Espera  um sopro amigo que o Céu tenha...

Só! -- Mas quem se assentou em riba estranha,
Longe dos seus, lá tem inda lembrança;
E Deus deixa-lhe ao menos a esperança!
Ao que à noite soluça em erma penha...

Só! -- Não o é quem na dor, quem nos cansaços,
Tem um laço que o prenda a este fadário,
Uma crença, um desejo... e inda um cuidado...

Mas cruzar, com desdém, inertes braços,
Mas passar, entre turbas, solitário,
Isto é ser só, é ser abandonado!

ANTERO DE QUENTAL


segunda-feira, 18 de maio de 2015

719 - MUNICÍPIOS DE PORTUGAL

719

Municípios de Portugal
Idanha-a-Nova - Distrito de Castelo Branco

Idanha-a-Nova é uma vila portuguesa no distrito de Castelo Branco, região Centro e sub-região da Beira Interior Sul, com cerca de 2 100 habitantes.

É sede do quarto município mais extenso de Portugal, com 1 416,34 km² de área, mas apenas com 9 716 habitantes (2011), subdividido em 13 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Penamacor, a leste e sul pela Espanha, a oeste por Castelo Branco e a noroeste pelo Fundão. #Portugal 
Wikipédia.

Fotos de: www.guiadacidade.pt

718 - «SONETO DE GELO» - CAMILO PESSANHA

718

SONETO DE GELO

Ingénuo sonhador -- as crenças d´oiro
Não a verás derruir... Deixa o destino
Levar-te no teu berço de bambino,
Porque podes perder esse tesoiro

Tens na crença um farol. Nem o procuras,
Mas bem o vês luzir sobre o infinito!...
E o homem que pensou -- foi precito,
Buscando a luz em vão -- sempre às escuras.

Eu mesmo quero a fé, e não a tenho...
--  Um resto de batel -- quisera um lenho,
Para não afundir, na treva imensa.

O Deus, o mesmo Deus que te fez crente...
Nem saibas que esse Deus omnipotente
Foi quem arrebatou a minha crença.

CAMILO PESSANHA


domingo, 17 de maio de 2015

717 - «A FLÓRIDO TELES» - ANTERO DE QUENTAL

717

A FLÓRIDO TELES

Se comparo poder ou ouro ou fama,
Venturas que em si têm oculto o dano,
Com aquele outro afecto soberano,
Que amor se diz e é luz de pura chama.

Vejo que são bem como arteira dama,
Que sob honesto riso esconde o engano,
E o que as segue, como homem leviano
Que por um vão prazer deixa quem o ama.

Nasce do orgulho aquele estéril gozo
E a glória dele é cousa fraudulenta,
Como quem na vaidade tem a palma:

Tem na paixão seu brilho mais formoso
E das paixões também some-o a tormenta...
Mas a glória do amor... essa vem d´alma!

ANTERO DE QUENTAL



quinta-feira, 14 de maio de 2015

716 - «TORMENTO IDEAL» - ANTERO DE QUENTAL

716

TORMENTO DO IDEAL

Conheci a Beleza que não morre
E fiquei triste. Como quem da serra
Mais alta que haja, olhando aos pés a terra
E o mar, vê tudo, a maior nau ou torre.

Minguar, fundir-se, sob a luz que jorre;
Assim eu vi o mundo e o que ele encerra
Perder a cor, bem como a nuvem que erra
Ao pôr do Sol e sobre o mar discorre.

Pedindo à forma, em vão, a ideia pura,
Tropeço, em sombras,  na matéria dura,
E encontro a imperfeição  de quanto existe.

Recebi o baptismo dos poetas,
E assentado entre as formas incompletas
Para sempre fiquei pálido e triste.

ANTERO DE QUENTAL

quarta-feira, 13 de maio de 2015

715 - LISBOA VISTA DO RIO

715

LISBOA VISTA DO RI0:  VENDO-SE O PANTEÃO DE
SANTA ENGRÁCIA E A IGREJA DE SÃO VICENTE

terça-feira, 12 de maio de 2015

714 -«A M.C.» - ANTERO DE QUENTAL

714

A  M.C..

Põs-te Deus sofre a fronte a mão piedosa:
O que fada o poeta e o soldado
Volveu a ti o olhar, de amor velado,
E disse-te: «Vai, filha, sê formosa!»

E tu, descendo da onda harmoniosa,
Pousaste neste solo angustiado,
Estrela envolta num clarão sagrado,
Do teu límpido  olhar na luz radiosa...

Mas eu.... posso eu acaso merecer-te?
Deu-te o Senhor, mulher!  o que é vedado,
Anjo! deu-te o Senhor um mundo à parte.

E a mim, a quem deu olhos para ver-te,
Sem poder mais...a mim o que me há dado?
Voz, que me cante, e uma alma para amar-te!

ANTERO DE QUENTAL

segunda-feira, 11 de maio de 2015

713 - «A FLOR SEM NOME» - FERNANDO ECHEVARRIA

713

A FLOR SEM NOME

As rosas reuniram outra vez
uma ordem de fogo rumorosa.
E o povo bebeu
aquela rosa.

E vai crescendo em círculos,
em onda,
a pura embriaguez
daquela flor redonda.

Vai crescendo por dentro
-- vermelha, música, apertada.
E faz doer os ossos.
Vem irada

como lua de sangue
que sobe na garganta
e se agarra aos soluços e à prudência,
mas já canta.

E, sobretudo, queima.
Sobretudo, coloca
um vendaval de pedras
em cada boca.

E arde.
Arde e consome
aquela flor maldita
que ainda não tem nome

FERNANDO ECHEVARRIA

domingo, 10 de maio de 2015

712 - SÃO PEDRO DO SUL - COVAS DO RIO

712

Aldeias de Portugal - Covas do Monte
Distrito: Viseu - Concelho: São Pedro do Sul - Freguesia: Covas do Rio

Para chegar à aldeia de Covas do Monte, em São Pedro do Sul, é preciso percorrer um caminho sinuoso mas de rara beleza, atravessando a serra da Freita e vislumbrando as de Montemuro e da Gralheira. O passeio vale por si só, mas o melhor está ainda para chegar! Situada na serra de São Macário, Covas do Monte está a 450 metros de altitude, pelo que aqui se respira um ar puríssimo. A paisagem verdejante, com montanhas a toda a volta, a que ninguém fica indiferente, é pontuada por rebanhos, criando um cenário bucólico. Por aqui abaixo corre água fresquíssima, encaminhada para a aldeia e distribuída pelos campos através de um regadio tradicional.

Fonte, fotos e saber mais:
http://www.aldeiasportugal.pt/sobre/62/#.VU-zqPlViko
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sábado, 9 de maio de 2015

711 - «LAMENTO» ANTERO DE QUENTAL

711

LAMENTO

Um dilúvio de luz cai da montanha:
Eis o dia! eis o Sol! o esposo amado!
Onde há por toda a Terra um só cuidado...
Que não dissipe a luz que o mundo banha?

Flor a custo medrada em erma penha.
Revolto mar ou golfo congelado,
Aonde há ser  de Deus tão olvidado
Para quem paz  e alívio o Céu não tenha?

Deus é Pai! Pai de toda a criatura;
E a todo o ser o seu amor assiste:
De seus filhos o mal sempre lembrado...

Ah! se Deus a seus filhos dá ventura
Nesta hora santa... e eu só posso ser triste...
Serei filho, mas filho abandonado!

ANTERO DE QUENTAL



sexta-feira, 8 de maio de 2015

710 - «VISTA DE LISBOA»

710

VISTA DE LISBOA VENDO-SE A IGREJA DE SÃO VICENTE
E A TORRE DO PANTEÃO DE SANTA ENGRÁCIA

quinta-feira, 7 de maio de 2015

709 - «A FLOR SEM NOME» FERNANDO ECHEVARRIA

709

A FLOR SEM NOME

As rosas reuniram outra vez
uma ordem de fogo rumorosa.
E o povo bebeu
aquela rosa

E vai crescendo em círculos,
em onda, a
pura embriaguez
daquela flor redonda.

Vai crescendo por dentro
-- vermelha, música, apertada.
E faz doer os ossos.
Vem irada

como lua de sangue
que sobe na garganta
e se agarra aos soluços e à prudência,
mas já canta.

E, sobretudo, queima.
Sobretudo, coloca
um vendaval de pedras
em cada boca.

E arde.
Arde e consome
aquela flor maldita
que ainda não tem nome.

FERNANDO ECHEVARRIA

quarta-feira, 6 de maio de 2015

708 - «O CAMPONÊS PREOCUPA-SE COM O SEU CAMPO» BERTOLT BRECHT

708

O CAMPONÊS PREOCUPA-SE COM O SEU CAMPO

                             I

O camponês preocupa-se com o seu campo
Cuida do gado paga os impostos
Faz filhos para não ter criados e
Depende do preço do leite.
Os homens da cidade falam do amor à terra
Da sadia raça camponesa e
Vêem no camponês a base da nação.

                            II

Os homens da cidade falam do amor à terra
Da sadia raça camponesa e
Vêem no camponês a base da nação.
O camponês preocupa-se com o seu campo
Cuida do gado paga os impostos
Faz filhos para não ter criados e
Depende do preço do leite.

BERTOLT BRECHT

terça-feira, 5 de maio de 2015

707 - CASTELO DE BRAGANÇA



707

CASTELO DE BRAGANÇA

706- «A PROPÓSITO DA NOTÍCIA DA DOENÇA DE UM PODEROSO ESTADISTA« - BERTOLT BRECHT

706

A PROPÓSITO DA NOTÍCIA DA DOENÇA
DE UM PODEROSO ESTADISTA

Se este homem insubstituível franze um sobrolho
Dois reinos periclitam
Se este homem insubsetituível morre
O mundo inteiro se aflige como a mãe sem leite para o filho
Se este homem insubstituível ressuscitasse ao oitavo dia
Não hacharia em todo o império uma vaga de porteiro.

BERTOLT BRECHT

domingo, 3 de maio de 2015

705 - «DISPENSO A PEDRA TUMULAR» -BERTOLT BRECHT

705
DISPENSO A PEDRA TUMULAR

Dispenso a pedra tumular mas
Se fizerem questão de me dar uma
Gostaria que nela escrito fosse:
Ele deu sugestões: nós
Aceitámo-las.
Uma tal inscrição
A todos honraria.

BERTOLT   BRECHT

sexta-feira, 1 de maio de 2015

703 - «COM O TEMPO A SABEDORIA» W. B. YEATS

703


COM O TEMPO A SABEDORIA

Embora muitas sejam as folhas, a raíz é só uma;
Ao longo dos enganadores dias da mocidade,
Oscilaram ao sol minhas folhas, minhas  flores;
Agora posso murchar no coração da verdade.


THE COMING OF WISDOM WITH TIME

Though leaves are many, the root is one;
Through all the lying days of my youth
I swayed my leaves and flowers in the sun;
Now I may wither into the truth.

W. B. YEATS