quinta-feira, 7 de maio de 2015

709 - «A FLOR SEM NOME» FERNANDO ECHEVARRIA

709

A FLOR SEM NOME

As rosas reuniram outra vez
uma ordem de fogo rumorosa.
E o povo bebeu
aquela rosa

E vai crescendo em círculos,
em onda, a
pura embriaguez
daquela flor redonda.

Vai crescendo por dentro
-- vermelha, música, apertada.
E faz doer os ossos.
Vem irada

como lua de sangue
que sobe na garganta
e se agarra aos soluços e à prudência,
mas já canta.

E, sobretudo, queima.
Sobretudo, coloca
um vendaval de pedras
em cada boca.

E arde.
Arde e consome
aquela flor maldita
que ainda não tem nome.

FERNANDO ECHEVARRIA

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