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A QUEDA
E eu que sou o rei de toda esta incoerência,
Eu próprio turbilhão, anseio por fixa-la
E giro até partir ... Mas tudo me resvala
Em bruma e sonolência.
Se acaso em minhas mãos fica um pedaço d´ouro,
Volve-se logo falso... ao longe o arremeço ...
Eu morro de desdém em frente, dum tesouro,
Morro à mingua, de excesso.
Alteio-me na cor à força de quebranto,
Estendo os braços d´alma -- e nem um espasmo venço!...
Peneiro-me na sombra -- em nada me condenso...
Agonias de luz eu vibro ainda entanto.
Não me pude vencer, mas posso-me esmagar,
-- Vencer às vezes é o mesmo que tombar --
E como ainda sou luz, num grande retrocesso,
Em raivas ideais, ascendo até ao fim:
Olho do alto o gelo, ao gelo me arremesso...
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Tombei
E fico só esmagado sobre mim!...
Paris 1913 -- Maio 8.
MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO