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NUMA DESPEDIDA
A boémia não morreu.
Eis-nos com cabelos brancos;
E, todavia, os barrancos
Do seu destino, e do meu,
Se nos quebraram as pernas,
As asas não as partiram.
Em altos sonhos deliram
As nossas almas eternas!
Depois de tantos baldões,
Deveras ter-se ido a fé:
Temos tido pontapé
Das mais caras ilusões...
E não morre a mocidade!
Após enganos, enganos...
Pois só daqui a cem anos
Choraremos de saudade?
CAMILO PESSANHA
NUMA DESPEDIDA
A boémia não morreu.
Eis-nos com cabelos brancos;
E, todavia, os barrancos
Do seu destino, e do meu,
Se nos quebraram as pernas,
As asas não as partiram.
Em altos sonhos deliram
As nossas almas eternas!
Depois de tantos baldões,
Deveras ter-se ido a fé:
Temos tido pontapé
Das mais caras ilusões...
E não morre a mocidade!
Após enganos, enganos...
Pois só daqui a cem anos
Choraremos de saudade?
CAMILO PESSANHA
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