sexta-feira, 5 de setembro de 2014

530 - «ÁGUA MORRENTE» CAMILO PESSANHA

530

ÁGUA MORRENTE

                          Il pleure dans mon coeur
                          Comme il pleut sur la ville.
                                             VERLAINE

Meus olhos apagados,
Vede a água cair.
Das beiras dos telhados.
Caír, sempre cair.

Das beiras dos telhados,
Cair, quase morrer...
Meus olhos apagados,
E cansados de ver.

Meus olhos, afogai-vos
Na vã tristeza ambiente.
Caí e derramai-vos
Como a água corrente.



CAMILO PESSANHA

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