quinta-feira, 2 de outubro de 2014

556 - «MANSIDÃO» - FERNANDA BOTELHO

556

MANSIDÃO

Quando me chamam, vou logo.
E não reajo. Disfarço.
E a cada ultraje, renasço
com as artérias em fogo.

Não falo do meu espanto.
Quando recuso, não digo.
(Conservo as vozes comigo
a elaborar o meu canto.)

E com maneiras discretas,
vou criando o movimento
que hei-de entregar, a seu tempo,
às minhas asas quietas.

FERNANDA BOTELHO



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