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A EUGÉNIO DE ANDRADE,
AGRADECENDO «ATÉ AMANHû
Lembras-te da primeira vigília que fizeste
à espera, trémulo, da madrugada nova ?
Deu o meio-dia, tilintava o oiro,
e anoiteceu-nos como se a nossa amada
fosse a descer à cova.
Depois,
tu esperaste sempre a madrugada,
mas sempre a noite paria nados-mortos,
sempre a esperança espancada cada dia:
frágil, de luz e de cristal, a tua fé
embaciou-se de melancolia ...
Mas tu esperas ainda
-- porque os teus versos ainda são
os do rapaz maravilhoso
pela afogueada cor da romã.
E vem dele a saúde a quem se cruza
contigo, no branco litoral:
«Até amanhã«.
(In o Comércio do Porto, 12-2-57)
JOSÉ FERNANDES FAFE
A EUGÉNIO DE ANDRADE,
AGRADECENDO «ATÉ AMANHû
Lembras-te da primeira vigília que fizeste
à espera, trémulo, da madrugada nova ?
Deu o meio-dia, tilintava o oiro,
e anoiteceu-nos como se a nossa amada
fosse a descer à cova.
Depois,
tu esperaste sempre a madrugada,
mas sempre a noite paria nados-mortos,
sempre a esperança espancada cada dia:
frágil, de luz e de cristal, a tua fé
embaciou-se de melancolia ...
Mas tu esperas ainda
-- porque os teus versos ainda são
os do rapaz maravilhoso
pela afogueada cor da romã.
E vem dele a saúde a quem se cruza
contigo, no branco litoral:
«Até amanhã«.
(In o Comércio do Porto, 12-2-57)
JOSÉ FERNANDES FAFE
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