terça-feira, 8 de abril de 2014

407 - COMO É NATURAL - MÁRIO DIONÍSIO

407
COMO É NATURAL

Vão longe os dias de intermezzo

quando a brisa indolente passeava
doce esperança à flor dos lábios mudos

Se uma folha caía se um rumor

brando acordava o silêncio mal represo
quante alarme  no ar de flores coberto


Vão longe os tempos de alvoroço

de fronteira a fronteira imaginária
rara aventura \ agora impessoal
uma alegria alheia que hoje amarga

Dou corda a este velho relógio de parede

pesa-me o braço que levanto
do peso de outros tempos que desperto

E um fantasma lá dos fundos do quadrante

sorri-me com tristeza e diz É tarde
talvez já seja muito tarde

                       («O Silêncio voluntário», Poesia Incompleta)


Mário Dionísio





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