quinta-feira, 24 de abril de 2014

415 - «DE CEREJAS BRANCAS...» - RAUL DE CARVALHO

415

«DE CEREJAS BRANCAS...»

-- De cerejas brancas, de estrelas vermelhas, de lábios

azuis.
Era a tua voz. Doce, docemente, inocentemente.
Dizia palavras, dizia palavras...  Alucinações.
Monstros e promessas. Magia, segredo. Artes do Diabo

   Reflexos tristes da luz que nos foge, da luz que anda

à solta e nos deixa presos.

   Ouço a tua.voz chamando, chamando...

Ah! nenhum de nós somos os culpados!

   Docemente extinta. Inocentemente.

Um círculo da lua rodeia teus braços,
um raio do Sol te dirige os passos..
É a tua voz! de menino e moço!

Hh!, quanta ternura tem a tua voz,

quanto beijo que jamais fora dado,Deus
quanta linda festa logo interrompida
quanto abraço que desejaste dar...

Ouço a tua voz. É som ou desmaio?

É quebranto? É música? Sai do coração?
Ouço a tua voz, que respeita e ama,
como irmão mais novo a irmão mais velho.

    Diz-me que é inútil. Que essa tua voz

não é verdadeira, porque sofrerás...
Embora me tragas, sem eu saber como,
alguma alegria, um pouco de paz!

Queira Deus que tu, irmão meu, encontres

alguém que ao ouví-la, quando estiveres só
te ame e compreenda, te ouça e adormeça,
te afirme que tens um lugar no mundo...

Raul de Carvalho



     


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