domingo, 1 de fevereiro de 2015

645 - «A PARTIR DA AUSÊNCIA» - ANTÓNIO RAMOS ROSA

645

A PARTIR DA AUSÊNCIA

Imaginar a forma
doutro ser Na língua
proferir o seu desejo
O toque inteiro

Não existir

S o digo acendo os filamentos
desta nocturna lâmpada
A pedra toco do silêncio densa
Os veios de um sangue escuro

Um muro vivo preso a mil raízes

Mas não o vinho límpido
de um corpo
A lucidez da terra
E se respiro a boca não atinge
a nudez unaa
onde começo

Era com o sol E era
um corpo

Onde agora a mão se perde era o espaço
onde não é


O  que resta do corpo?
Uma matéria nua e fria?
Um hauto de desejo
retem ainda o calor de uma sílaba?

As palavras soçobram rente ao muro
A terra sopra outros vocábulos nus
Entre os ossos e as ervas
uma outra mão ténue
refaz o rosto escuro
doutro poema

ANTÓNIO RAMOS ROSA

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