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POEMA DA VOZ QUE ESCUTA
Chamam-me lá em baixo.
São as coisas que não puderam-me decorar-me:
As que ficaram a mirar-me longamente
E não acreditaram;
As que sem coração, no relâmpago do grito,
Não puderam colher-me.
Chamam-me lá em baixo,
Quase ao nível do mar, quase ao nível do mar,
Onde a multidão formiga
Sem saber nadar.
Chamam-me lá em baixo
Onde tudo é vigoroso e opaco pelo dia adiante
E transparente e desgraçado e vil
Quando a noite vem, criança distraída,
Que dèbilmente apaga os traços brancos
Deste quadro negro -- a Vida.
Chamam-me lá em baixo;
Voz de coisas, voz de luta.
É uma voz que estala e mansamente cala
E me escuta.
(Voz que Escuta)
Políbio Gomes dos Santos
POEMA DA VOZ QUE ESCUTA
Chamam-me lá em baixo.
São as coisas que não puderam-me decorar-me:
As que ficaram a mirar-me longamente
E não acreditaram;
As que sem coração, no relâmpago do grito,
Não puderam colher-me.
Chamam-me lá em baixo,
Quase ao nível do mar, quase ao nível do mar,
Onde a multidão formiga
Sem saber nadar.
Chamam-me lá em baixo
Onde tudo é vigoroso e opaco pelo dia adiante
E transparente e desgraçado e vil
Quando a noite vem, criança distraída,
Que dèbilmente apaga os traços brancos
Deste quadro negro -- a Vida.
Chamam-me lá em baixo;
Voz de coisas, voz de luta.
É uma voz que estala e mansamente cala
E me escuta.
(Voz que Escuta)
Políbio Gomes dos Santos