quinta-feira, 20 de março de 2014

399 - CANÇÃO DO LAGO SECANDO - Políbio Gomes dos Santos

399

CANÇÃO DO LAGO SECANDO

Pela noite da minha trágica aventura,
Meu sofrimento é achado que afago,
Se acordado, sofrendo,
E se a dormir, sonhando
Que sou lago.

Adeus, ó canas, cá me vou secando!
À míngua de nascente eu parto evaporado
Sem me var partir!

Ainda se os que passam pudecem beber-me
Sem tornarem a passar
Pra maldizer-me...


Ainda se a menina reclinada à minha beira,
Que tanto e tanto  me seduz ainda,
Viesse banhar-se 
E depois se afogasse em mim, violada e linda...

Ainda se eu
Profundo e vasto e longo,
pudesse ter no mapa mancha azul e portos

E ser útil à navegação...

Finando-mr abriria a justa e verdadeira cova
À minha sede e à minha  direcção.

Políbio Gomes dos Santos

Sem comentários:

Enviar um comentário