domingo, 16 de março de 2014

394 - RUY CINATTI

394

LARGO DE S. PAULO -- CAIS DO SODRÉ
     -- ACADEMIA DAS CIÊNCIAS
                             I
Grades cantantes
como vinho  dÁlsácia
guarnecido.
E um «olé», com a mão
desprevenido.

Passsamos pelas ruas.
Encontramos amigos.

«Vamos tomar um ponche
de
Supervielle»

«La cultura
es una cosa
rara.»

Tens razão.
«é um vinho
de marca!»

                            II

Com que fulgor tu comes
um bife
com batatas fritas

Filhos, adorno, divórcio
e a precisão das aflitas,
fruem nas tuas orelhas,
lantejoulas.

O teu cabelo é negro,
de tércio pêlo.

O teu corpo cansado
ulula pela nolite dentro,
entre marinheiros bêbados,
o chafariz número oito --
belo estilo italiano,
D. Maria --
e uma igreja fechada.

Tão longe, a voz suplicante,
ainda se houve
na praça iluminada.
  
                      III

Quando te cansares da vida,
vai ao cais e toma um barco.
E escreve uma conferência
para ser lida
entre os peixes imortais.


                    BORDA D´ALMA

O calendário foi comprido
à risca -- saiu certo.
Tive um tubérculo por junto,
entumescido.
mas saiu certo.

A culpa foi minha, que não soube
adubar bem.
Foi propício o clima. A culpa é minha,
de mais ninguém.

Vou experimentar novas mèzinhas.
Talvez cultive.
Com anos de pousio, um homem cresce.
Talvez me salve. 

Ruy Cinatti

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