422
QUE HORA É ESTA?
É em vão que o sol doira
As asperesas da terra:
Secou na seara loira
Toda a esperança que ela encerra.
Baldadas todas as horas,
Todos os passos sem fim.
Murchou de vez o alecrim,
Secaram roxas amoras.
É quente a água das fontes,
Escalda o sangue nas veias:
São de fogo os grãos de areias
E as pragas negras dos montes.
Para quê lutar ainda
Numa luta sem sentido?
Sofre-se por ter sofrido
Esta angústia que não finda.
Angústia que sobe à boca
Que amarga como a amargura
-- Existência mal segura,
Fazenda que mal dá roupa.
Cansaram-nos assim de tudo,
Todos nos pesam demais
-- Os poetas são jograis
E o cantar quase mudo
(As Margens da Memória)
Amândio César
QUE HORA É ESTA?
É em vão que o sol doira
As asperesas da terra:
Secou na seara loira
Toda a esperança que ela encerra.
Baldadas todas as horas,
Todos os passos sem fim.
Murchou de vez o alecrim,
Secaram roxas amoras.
É quente a água das fontes,
Escalda o sangue nas veias:
São de fogo os grãos de areias
E as pragas negras dos montes.
Para quê lutar ainda
Numa luta sem sentido?
Sofre-se por ter sofrido
Esta angústia que não finda.
Angústia que sobe à boca
Que amarga como a amargura
-- Existência mal segura,
Fazenda que mal dá roupa.
Cansaram-nos assim de tudo,
Todos nos pesam demais
-- Os poetas são jograis
E o cantar quase mudo
(As Margens da Memória)
Amândio César
Sem comentários:
Enviar um comentário