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AFOGADO NO RIO LEÇA
Vogavas entre duas águas com o corpo torcido
e a corrente impelia-te, vagarosamente. para a foz.
O coração batia mas já não respiravas;
a morte instalava-se no teu corpo molhado.
Degavar montava a máquina dos sonhos...
devagar armava-te as futuras asas.
No mar afundam-se os símbolos da tarde;
enovelado, sem poesia, asfixiavas,
descendo o rio em direcção à liberdade.
As unhas violácias, os cabelos flutuando,
o sangue estrangulado, a fome liquefeita...
Então, como a um menino, alguém te conduziu para a
[margem relvada.
A morte sentou-se a ver os trabalhos de respiração
[artificial,
depois disse -te «Adeus», acenou-te »Até breve«,
e aproveitou a ambulância que te levava ao hospital
para ir mais depressa à sua vida.
Egito Gonçalves
AFOGADO NO RIO LEÇA
Vogavas entre duas águas com o corpo torcido
e a corrente impelia-te, vagarosamente. para a foz.
O coração batia mas já não respiravas;
a morte instalava-se no teu corpo molhado.
Degavar montava a máquina dos sonhos...
devagar armava-te as futuras asas.
No mar afundam-se os símbolos da tarde;
enovelado, sem poesia, asfixiavas,
descendo o rio em direcção à liberdade.
As unhas violácias, os cabelos flutuando,
o sangue estrangulado, a fome liquefeita...
Então, como a um menino, alguém te conduziu para a
[margem relvada.
A morte sentou-se a ver os trabalhos de respiração
[artificial,
depois disse -te «Adeus», acenou-te »Até breve«,
e aproveitou a ambulância que te levava ao hospital
para ir mais depressa à sua vida.
Egito Gonçalves
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