quinta-feira, 8 de maio de 2014

426 - «CONTENTE NUNCA ESTOU ...» REINALDO FERREIRA

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426

«CONTENTE NUNCA ESTOU...»

Contente nunca estou; feliz não sei

Se existe alguém ou neste ou noutro mundo.
Vou para o Nada, sou do Nada oriundo,
E entre dois Nadas desventura é Lei.

Da cobarde esperança emancipei

A previsão do meu destino imundo.
Sou consciente do mal em que me afundo,
E consciente do mal continuarei.

Nem revolta me fica, apenas pressa

De me tornar por fim parada peça
No cósmico rolar nefasto e louco.

Depois quero dormir um sono enorme...

Que para uma aflição que nunca dorme,
A morte, temo bem que seja pouco.

Reinaldo Ferreira

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