quarta-feira, 28 de maio de 2014

438 - "ELOGIO DO TRABALHO CLANDESTINO" BERTOLT BRECHT

438

ELOGIO DO TRABALHO CLANDESTINO

É bonito
Usar da palavra na luta de classes
Clamar alto e bom som pela luta de massas
Pisar os opressores libertar os oprimidos.
Árdua e útil é a pequena tarefa de cada dia
Que secreta e tenaz tece
A rede do partido sob
Os fuzis apontados dos capitalistas:
Falar mas
E.scondendo o orador.
Vencer mas
Escondendo o vencedor.
Morrer mas
Dissimulando a morte.
Pela glória, quem não faria grandes coisas? Mas quem
As fez pelo olvido?
No entanto, o pobre que mal come senta a honra à sua mesa;
Das pequenas cabanas em ruinas
Surge a grandeza irressistível.
E a glória busca em vão 
Os autores do grande feito.
Sai da sombra
Por um momento
Rostos anónimos, dissimulados, e aceitai
O nosso agradecimento.

BERTOLT BRECHT


Sem comentários:

Enviar um comentário